Entrevista Exclusiva - Banda Brasileira LEVANTE
MeP 1º Os Levante surgiram quando? O que os motivou a juntarem-se e formar
a Banda?
Nós surgimos em 2004, mas começamos mesmo em 2005. Nos unimos com a ideia de fazer uma banda bem crítica e pesada, dentro das nossas influências musicais. Queríamos fazer algo que não tocava na rádio, ainda que gostaríamos que nossa música fosse veiculada pelo máximo de meios de comunicação. A gente começou daquela vontade imensa de fazer música que representasse bem nossas angústias e críticas.
MeP 2º Como se conheceram e o que os levou a este gênero de música?
O Levante já teve diversas formações. A formação atual foi o seguinte: Reginaldo (Guitarra e vocal) é o único membro inicial da banda, que encontrou depois o baterista, o Bim, num site de músicos à procura de bandas. Depois veio o Mayco que já conhecia o Reginaldo do movimento estudantil antes de entrar na banda, e acabou entrando como guitarrista. Por último chegou o Paris, o baixista, que conheceu o Mayco e Reginaldo na militância também e tornou-se o sétimo baixista. A nossa grande sina são os baixistas...
Sobre a escolha do gênero foi algo bem natural. Desde o início o Levante teve muita influência das bandas de grunge, de metal dos anos 1990 e de algumas vertentes de música brasileira. Esta mistura sempre foi indo mais pra lá e pra cá de acordo com os membros da banda. Hoje creio que estamos mais pesados que no início e mais batuqueiros. Mas de alguma forma sempre dentro daquela proposta inicial que falei.
MeP 3º Lançaram o seu primeiro EP em 2009 chamado de LEVANTE, como está a
ser a aceitação do vosso trabalho?
Lançamos esse trabalho em 2009 e acabamos de lançar o nosso novo álbum “Pessimismo da Razão Otimismo da Vontade”, em 2012. O primeiro EP foi algo bem inicial e pouco explorado é provável até que a gente regrave as músicas deste EP um dia e relancemos pra dar a devida importância às músicas.
Já o novo álbum, “Pessimismo...” estamos trabalhando bastante nele em show e na divulgação pela internet. Acabamos de rodar o Cd na plataforma física para a galera que gosta de ter a parada na mão e ter uma bela arte e a letra. Além disso, no mês de janeiro lançamos o nosso primeiro clipe “O Filho Pródigo que Pensava Demais”. Esta música faz parte do nosso último álbum. Estamos gostando muito do resultado, pois tivemos mais experiência, tempo e um estúdio adequado ao nosso gosto musical (Estúdio Superfuzz) para gravar do jeito que a gente queria. Estamos felizes com as possibilidades.
MeP4º Ao contrario de muitas Bandas os LEVENTE optaram por cantar em
Português. É mesmo por vossa opção ou pelo mercado.
É uma opção, pois entendemos que temos que nos comunicar os que nos rodeiam. Temos muita preocupação com as letras e fazemos questão de sermos entendidos nas nossas propostas. Cantar em português é a possibilidade de uma interação imediata e massiva, dependendo das nossas possibilidades. Além disso, é a nossa cultura. Explorar isso é fundamental.
MeP 5º Falem do vosso próximo trabalho que edição este ano de 2013.
Este ano vamos trabalhar no nosso álbum lançado em 2012, o “Pessimismo...” São oito músicas. Temos muito ainda a explorar, a começar pelo nosso primeiro clipe.
MeP 6º Como estamos de actuações ao vivo? O que esperam de 2013?
Vamos iniciar shows por diversas cidades do Rio de Janeiro e alguns em São Paulo. Participamos de um coletivo de bandas chamado Rock em Movimento que agita o cenário com eventos produzidos por nós mesmos, além de mantermos relação com outros coletivos em outras cidades e estados, por isso, conseguimos boas oportunidades para tocar, apesar das dificuldades que enfrentamos de escassez de espaços voltados para o nosso gênero. 2013 será um ano trabalhoso.
MeP 7º Qual a vossa opinião sobre o actual panorama do Metal Internacional
e no Brasil?
Creio que no Brasil as coisas estão bem difíceis. Poucos são os lugares que se propõe a abrir as portas para as bandas, sem jogar o peso financeiro do evento sobre os músicos. Em geral, as bandas autorais sofrem com a falta de estrutura e ausência de qualquer ajuda de custo. Os produtores só querem imitações, o caminho mais fácil. Não por acaso as bandas estão se mobilizando pra movimentar as coisas de uma forma mais autônoma em relação aos produtores e com um respeito maior para as bandas. No entanto, acho que ainda há grande individualismo em boa parte das bandas e grupos, que buscam apenas seus interesses de forma competitiva e não colaborativa e fraterna.
A nível mundial creio que estejamos num momento de dificuldades também. A ideia da democracia na internet é um pouco falaciosa, se considerarmos que os outros meios de comunicação ainda são negados pelas grandes corporações e mesmo a internet tornou-se um mar tão poluído que é necessário muito investimento para conseguir aparecer.
MeP 8º Até onde pretendem chegar com o vosso Projecto?
Queremos tocar em vários lugares. Essa é a meta. Conhecer lugares, pessoas, bandas. Essa é a nossa onda.
MeP 9º Conhecem o Panorama do Metal em Portugal, alguma banda?
Muito pouco. Mas o desafio é esse conhecer o máximo. Todas as vezes que nos propomos a conhecer sempre descobrimos boas bandas.
MeP 9º Dando-vos toda a liberdade de expressão, o que gostavam de dizer
como notas finais desta pequena entrevista?
O Levante está aí para mostrar uma posição anti-mercado, uma proposta de encarnar na música os dramas de uma vida destruída por essa lógica maldita chamada capitalismo. A música tem muito poder e queremos partilhar nossos gritos, nossas histórias, nossas ações. Não é só ficar reclamando. É partir pra cima com o som da banda e vislumbrar um mundo diferente. A crise capitalista que explode pelo mundo nos lembra dos limites desse modelo. A destruição ambiental, o autoritarismo, as guerras e a miséria nos obrigam a falar do lado mais obscuro dessa humanidade, mas sem perder a jamais. Levante!
Agradecemos a oportunidade. Abraço!
Entrevista feita por:
Paulo Teixeira
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