O Ibéria é uma das mais importantes bandas de Hard Rock em Portugal, tendo sido formada há mais de 25 anos. Como vocês vêem a trajetória da banda após todos estes anos?
É difícil em poucos parágrafos definir aqui toda uma vida de 25 anos, sendo que estivemos cerca de 13-14 anos parados. No entanto parecem-me longínquos os dias em que começamos a tocar nas nossas guitarras, nos bancos de rua, os primeiros concertos, a gravação da primeira demo-tape, o primeiro disco, os primeiros tops na radio. Tivemos momentos marcantes (o fato de termos sido a primeira banda portuguesa a passar na BBC-Radio One, no Friday Rock Show) e maus (o encerramento das atividades da banda em 95-96). Todos eles foram determinantes para o crescimento da banda como grupo (após o retorno), como individuos e como músicos, especialmente. Foi um percurso atribulado, mas estou consciente que temos ainda um longo caminho a percorrer.
A banda encerrou suas atividades em 1996, ressurgindo em 2009. O que aconteceu durante esse período?
Durante esse período todos os antigos membros do Ibéria tiveram projetos paralelos, sendo que alguns posteriormente deixaram a música. Por minha vez, eu nunca parei verdadeiramente de tocar. Andei em grupos como o “EDP”, “Dizzy” e cheguei a tocar em bandas covers como o “X-Stand”, entre outros. Entretanto o nome Ibéria estava adormecido, mas não esquecido. Houve interesse por parte da gravadora Espacial em relançar os dois primeiros álbuns em CD, remasterizados e com esse interesse surgiu à hipótese de voltar a ter a banda no palco. Dai a termos juntado a formação atual foi um passo. Felizmente conseguimos e aqui estamos.
Após o retorno, vocês lançaram “Revolution” em 2011. Como foi a gravação deste disco?
Após o retorno em 2009, havia um interesse grande pelo que iriamos fazer a seguir. Tinhamos alguma pressão sobre nós e sabiamos que não poderiamos fazer um disco mediocre, sob pena de sermos completamente arrasados pela critica. Reunimos um bom número de canções, a meu ver, e adaptamos quatro temas antigos que nunca tinham sido gravados anteriormente, incluindo o “hit” dos finais de 80 “Hollywood”. Foi muito complicado, porque em 2009/2010 houve acontecimentos pessoais que complicaram a vida de alguns de nós (sobretudo um câncer no meu filho de 9 anos..) e atrasamos as gravações do disco. Gravávamos aos pedaços, íamos ouvindo e retomavamos ao estúdio quando era possivel. Foi um disco gravado com muito suor, sangue e lágrimas, é certo, e tivemos um enorme trabalho por parte do produtor Tó Carvalho, que foi de extrema dedicação a este projeto. Sem ele, teria sido impossível a gravação de “Revolution” e devemos-lhe muito. Penso que o resultado foi o melhor.
E o mais importante, a reação dos fãs ao material?
A reação foi excelente! Temos recebido reações positivas não somente de Portugal, mas muitas críticas positivas do estrangeiro, principalmente EUA, Japão, Alemanha, Brasil, Austrália, Argentina, França, Holanda, Espanha, Italia, Russia, Roménia, Coréia do Sul e até da China. Sucederam-se pedidos de entrevistas para toda à parte, sairam “reviews” por toda à parte e houve um interesse grande no Ibéria, o que nos deixou muito contentes e motivados! O trabalho da Avantegarde Management e do Filipe Marta aqui foi muito importante, foi graças a ele que o disco rompeu fronteiras e voltamos a ser ouvidos pelo mundo afora.
Vocês lançaram dois clássicos do Rock português, “Ibéria” e “Heroes of the Wasteland”. Conte-nos um pouco sobre eles.
Você é o único membro que está desde o inicio da banda. Como você vê a formação atual da banda?
Sou eu e o Toninho - guitarra - (apesar de ter saido no momento da gravação do álbum Ibéria), os únicos desde o inicio da banda. Temos uma excelente equipe desde 2009 nas pessoas do Miguel Freitas (Voz), Jorge Sousa (Guitarra) e David Sequeira (bateria) e penso que temos os músicos certos para o Ibéria, porque além das suas boas capacidades técnicas, vivenciam a banda e respiram o nosso estilo, isso faz toda a diferença e isso nota-se nas apresentações ao vivo.
Ainda tem contato com os antigos membros?
Claro que sim! Ibéria é uma grande familia e estamos em permanente contato. Apesar de alguns dos músicos terem abandonado a música (os casos do Tony Cê, do Tony Duarte e do Victor Brás), os membros restantes continuam ligados de uma forma ou de outra à música e temos o exemplo do F. Landum, que é o produtor português mais conceituado dos últimos 20 anos! Conversamos normalmente com alguma frequencia e todos eles foram sondados quando do retorno e deram o seu aval ao regresso! Pode-se dizer que não houve ninguém do Ibéria que não desejasse que a banda seguisse em frente, o que nos deixa ainda mais felizes e empenhados em seguir com o Ibéria.
Como está a cena Portuguesa para o Rock e Metal hoje em dia? Há espaço adequado para shows de bandas locais?
Foi muito estranho voltar ao fim de alguns anos e verificar que muitas coisas (infelizmente) estão na mesma de quando as “deixamos”, o que não deixa de ser preocupante. Há ainda muita falta de espaço apropriado para shows, o panorama (tirando algumas exceções) resume-se a pequenos festivais, shows em bares, etc... O que mudou para melhor foi a qualidade dos estúdios e dos técnicos, o que é um avanço de fato. Hoje se fazem grandes trabalhos em Portugal e temos material e pessoal qualificado para isso.
O que vocês conhecem das bandas de Rock e Metal do Brasil?
Sou-vos sincero: muito pouco... Tirando os nomes maiores (Sepultura, Cavalera Conspiracy, Angra
Em poucas palavras, fale um pouco sobre as seguintes bandas:
Gotthard: Muito bons, penso que os 3 milhões de cópias vendidas falam por si... retornaram agora com um novo vocalista, após a morte de Steve Lee em 2010. Gosto muito do som deles.
Pink Cream 69: Outra boa banda de Hard Rock, estes alemães... Com uma carreira cheia ao longo de 25 anos, merecem todo meu o respeito!
Motley Crue: Os filhos pródigos do Glam rock. Nem precisamos falar muito, tornaram-se um dos maiores ícones do rock’n’roll em todo o mundo.. Já conquistaram o seu lugar na história do rock!
Van Halen: Outros monstros sagrados. Uma das maiores influências do Ibéria, o Van Halen não se enquadra em especie alguma de “Metal”: como eles proprios dizem, “tocamos BIG ROCK”.. tão big que são inimitáveis. Grandes como só eles podem ser, influenciaram gerações de músicos e continuam a cativar fãs em todo o mundo.
Moonspell: A maior banda todos os tempos de Metal oriunda da Lusitânia. Conseguiram estar onde estão através de muito trabalho, dedicação, talento, persistência e de serem eles próprios, re-inventando-se a cada album. São excelentes músicos, que sabem o que querem (e como querem!) e além disso são excelentes amigos.. passaram muito além da “Finisterra” e irão mais longe.. assim lhes permitam, porque eles merecem-no!
Quais são as suas principais influências?
Em relação a bandas são Iron Maiden, AC/DC, Led Zeppelin, Beatles, e tantos outros. Com relação aos baixistas são muitos: Steve Harris, Gene Simmons, Neil Murray, Geezer Butler, Geddy Lee, Roger Glover, Glenn Hugges, etc.
Fonte: Ibéria: O retorno do Hard Rock português http://whiplash.net/materias/entrevistas/157578-iberia.html#ixzz2CQpq86f1